E Se a Moda Pega? A Condenação de Bolsonaro e o Espelho da Responsabilização
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, sentenciado a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros crimes, marca um momento histórico no Brasil. Mas mais do que um desfecho jurídico, o episódio levanta uma questão que paira no ar: e se a responsabilização se tornasse regra para todos os que ocupam cargos públicos?
Não se trata aqui de defender ou acusar. Trata-se de refletir. Porque, se a moda pega, talvez estejamos diante de uma nova era — uma em que os governantes são observados não apenas por suas promessas, mas por suas ações. Uma era em que o descuido, a corrupção, o oportunismo e a negligência deixam de ser tolerados como parte do jogo político.
O Julgamento Além do Tribunal
A política brasileira sempre foi marcada por escândalos, investigações e absolvições que muitas vezes frustram a população. Mas a condenação de um ex-presidente por tentativa de subverter a democracia é um divisor de águas. E se esse rigor se estendesse a todos os que governam? Se os que se promovem com a desgraça alheia, os que ignoram o sofrimento coletivo, os que tratam o cargo como privilégio e não como serviço fossem igualmente responsabilizados?
A pergunta não é sobre um nome. É sobre um sistema. Sobre uma cultura política que, por décadas, normalizou desvios e blindou autoridades. E agora, diante de um caso emblemático, surge a possibilidade de mudança.
Sobrará Pedra Sobre Pedra?
Se todos os que agem contra o bem público fossem julgados com o mesmo critério, o que sobraria? Ruína ou reconstrução? Talvez um pouco dos dois. Porque desconstruir estruturas viciadas é doloroso, mas necessário. E reconstruir exige mais do que leis — exige consciência coletiva, participação ativa e vontade de fazer diferente.
A condenação de Bolsonaro pode ser um marco. Mas o que virá depois depende de nós: da sociedade que observa, cobra, vota e, acima de tudo, não se cala. Se a moda pega, talvez o Brasil esteja diante de uma chance rara — a de reescrever sua história política com mais justiça, mais ética e menos impunidade.

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