🚗 Memórias Sobre Rodas
Hoje estive presente no encontro dos reliqueiros de Ivinhema- MS. Entre fuscas, jeeps, opalas e kombis, não eram apenas os veÃculos que chamavam atenção — eram as pessoas. Os olhares, os sorrisos, os gestos de quem se aproximava de cada carro como quem reencontra um velho amigo.
Fiquei observando e pensando: o que leva alguém a gostar de antiguidades? Talvez o saudosismo melancólico, talvez a saudade. Mas acima de tudo, as lembranças. Ahhh… quantas lembranças.
O Opala antigo, igual ao que meu pai dirigia com orgulho.
O Fiat 147, onde conheci meu primeiro namorado.
A Kombi que levava gente de um municÃpio a outro, cheia de histórias e esperanças.
A moto 1980, companheira de estrada e de sonhos.
Por trás de cada automóvel, há uma narrativa.
Por trás de cada pintura restaurada, há uma memória ativada.
Por trás de cada encontro, há reencontro.
E não era só sobre carros. Era sobre gente.
Vi famÃlias inteiras reunidas em barracas improvisadas, com fogareiros acesos e cadeiras de nylon.
Vi crianças correndo entre os veÃculos, ouvindo histórias que não estão nos livros.
Vi mulheres companheiras, que estavam ali não apenas por seus maridos, mas por elas mesmas — por tudo que viveram ao lado daqueles carros, por tudo que ainda vivem.
Vi pessoas dormindo em colchões finos, estendidos no chão de terra batida, com o céu como teto e a memória como travesseiro.
Esse evento não é apenas uma atração turÃstica ou uma movimentação econômica para o municÃpio. É um espaço de cultura local, de pertencimento, de escuta silenciosa. É um lugar onde o tempo não é inimigo — é testemunha.
Ali, entre motores e rodas, vi pessoas revivendo partes de si.
Vi cura. Vi memória. Vi vida.
Que encontros como esse continuem acontecendo.
Que a cidade continue sendo palco de histórias que não se apagam.
E que cada relÃquia continue sendo ponte entre o ontem e o agora.
Porque recordar também é viver.
– HZanchi

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